30 de março de 2012

A Madeira, a floricultura e os desportos náuticos


No passado fim de semana passei pela Marina da Quinta do Lorde, na Madeira, e tive oportunidade de observar uma actividade que desconhecia. Consiste na cultura de Buganvílias utilizando embarcações à vela como estruturas para aquelas belíssimas trepadeiras se desenvolverem.
Neste caso trata-se de um conjunto de peculiar beleza paisagística, a que as fotos que tirei não fazem a devida justiça, constituído por um arranjo em linha, formado por seis veleiros da classe J22 importados, creio eu, da República da África do Sul. O vermelho vivo das flores constrasta magnificamente com a alvura dos veleiros, com os seus seis mastros rigorosamente alinhados, tudo realçado pela beleza da falésia próxima e pela quietude da paisagem marinha envolvente.
Um amigo que me acompanhava, perito agrónomo, explicou-me que para se conseguir aquele belo efeito, seguramente que os veleiros já se encontrariam ali colocados junto às plantas há, pelo menos, dois anos.
O projecto promete ainda muito mais, esperando-se que as plantas cubram completamente os barcos e, sobretudo, se expandam pelas mastreações interligando os veleiros, formando como que uma falésia de Buganvílias paralela à falésia propriamente dita.
Louvável iniciativa esta!
Todavia penso que não se trata de um projecto da iniciativa do empreendimento da Quinta do Lorde, embora tudo indique que tenha o patrocínio desta empresa. Trata-se seguramente de um projecto de Estado uma vez que, tanto quanto sei, aquelas embarcações, que se encontram praticamente como novas, foram adquiridas pelo Governo Regional. Dinheiro muito bem empregue!
Por associação de ideias ocorrem-me algumas frases para meditação:
- Primeira: "Portugal é um país de marinheiros";
- Segunda: "Dá Deus nozes a quem não tem dentes";
- Terceira: "Como alimentar porcos a pérolas";
- Quarta: "A cultura de Buganvílias e a crise económica e financeira nacional".
Conheço no país muita gente e muitos clubes náuticos que bem gostariam de ter um daqueles J22. Mas de facto não os mereceriam porque, seguramente, nunca iriam com eles fazer assim uma coisa tão bonita de se ver.

6 de março de 2012

Náutica de Recreio em Portugal



"Náutica de Recreio em Portugal - Um pilar do desenvolvimento local e da economia do mar - Propostas de actuação e planos de acção" editado com o apoio da EPUL é, afinal, o relatório do Grupo de Trabalho da Náutica de Recreio do Forum Permante para os Assuntos do Mar.

Trata-se de uma das mais recentes "aquisições" para a minha biblioteca, ou não fosse eu também um membro do Forum Permanente para os Assuntos do Mar.

É um trabalho sério, recentemente publicado, que compila um conjunto de dados sobre a náutica de recreio em Portugal, e não só.

Todavia a parte mais interessante é o conjunto de propostas de actuação e de planos de acção, com os respectivos objectivos operacionais devidamente explicitados que constituem matéria que deveria ser de leitura obrigatória para membros do governo, deputados da Assembleia da República, autarcas, capitães dos portos, professores, industriais e comerciantes da náutica de recreio, dirigentes desportivos de federações de desportos náuticos e respectivos treinadores, aos quais deveria ser perguntado, dentro de algum tempo, o que é que cada um fez concretamente no âmbito da realização das ditas propostas de acção.

É o que se me oferece propor ao Grupo de Trabalho da Náutica de Recreio: que não pare por aqui e que dentro de um ano ou dois proceda à apresentação de um Relatório sobre a concretização das acções agora propostas.